Além do reforço: explorando usos criativos para vergalhões de aço
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Além do reforço: explorando usos criativos para vergalhões de aço

Jan 10, 2024

O concreto apresenta enorme resistência às tensões compressivas, mas é um material frágil em termos de tensão, que ocorre quando forças são aplicadas em direções opostas de uma estrutura, tendendo a separar as partes. É por isso que a incorporação do aço ao concreto – que proporciona altos níveis de resistência quando esticado – fez do chamado concreto armado o método construtivo mais utilizado no mundo. Ou seja, o concreto armado combina as vantagens intrínsecas dos seus dois componentes (concreto e armadura de aço) para produzir um material extremamente robusto, versátil e prático. Essas armaduras de aço, além de reforçar o concreto, também podem ser utilizadas em instalações artísticas, fachadas e até interiores.

Os pesquisadores divergem sobre as origens do concreto armado. Alguns atribuem ao jardineiro Joseph Monier, enquanto outros atribuem a primeira casa de concreto armado ao industrial François Coignet, que revolucionou o campo da construção. No entanto, há consenso de que surgiu na França por volta de 1850, e foi patenteado em 1867 por Joseph Louis Lambot. Os anos subsequentes viram diversas abordagens para adicionar barras de ferro ou aço à mistura de cimento, cascalho e água, explorando diferentes formas, tamanhos e métodos de união. François Hennebique foi uma figura chave, revolucionando o material através do seu método patenteado de integração de barras e malhas de ferro, aumentando a resistência à carga e a prevenção de fissuras.

As barras de reforço (vergalhões) geralmente apresentam perfil “nervurado”, caracterizado por deformações altamente padronizadas que percorrem a peça. Essa textura serve para aumentar a eficácia do vergalhão quando incorporado às formas de concreto, aumentando sua aderência à mistura ainda líquida. Além dos atributos funcionais, essas barras possuem um caráter peculiar e seu uso para fins estéticos tem sido comum na arquitetura contemporânea.

Instalações como a da Groves-Raines Architects na Escócia são um exemplo perfeito do uso estético de vergalhões de aço. A estrutura é uma extensão orgânica do jardim e funciona como um galpão, com vegetação crescendo no topo. Sua inspiração vem da cestaria e utiliza vergalhões e aço Corten. studio:indigenous também usou o material para criar uma réplica da Primeira Igreja Cristã que Eliel Saarinen e seu filho Eero projetaram na década de 1940. O Wiikiammi se conecta ao presente devido ao uso de materiais modernos, como vergalhões soldados e painéis metálicos cortados por jato de água.

Já o Cloud Pavilion da Associated Architects utiliza malhas de vergalhões soldados em tamanhos regulares para definir toda a modulação do sistema, evitando desperdícios e perdas de produção. As peças montadas no local adotaram um processo industrializado, de forma a permitir a sua desmontagem no final do evento, o seu transporte para local definitivo e a sua remontagem para futura reutilização. O túmulo de Baba Beski, desenhado por Zav Architects, transforma um grande jardim natural privado no Irão num espaço semipúblico para reflexão e descanso. Simboliza o ciclo entrelaçado de vida e morte e a incompletude como um estado perpétuo. Nesse sentido, o próprio monumento, criado a partir da armadura convencionalmente utilizada em concreto armado, corporiza essa filosofia, evocando instabilidade estrutural com seus planos angulados.

Na Casa da Lagoa, da Brasil Arquitetura, barras verticais de vergalhão ocupam o lugar de cercas e muros, tornando-se aparatos para o crescimento da vegetação. Na Casa Feliz em Begur, da SALA FERUSIC Architects, o jardim na cobertura se conecta ao terreno inclinado e cria um caminho agradável com paisagismo projetado. Nas bordas, um guarda-corpo moldado em vergalhão confere segurança de forma leve e translúcida, e não se torna um obstáculo visual.

No Pavilhão da Lareira, barras de reforço em aço proporcionam estabilidade e permeabilidade visual a toda a estrutura. A estrutura consiste em 8 toneladas de vergalhões soldados entre si por 16.000 pontos de soldagem. Nestes vazios são apoiadas toras de madeira, fazendo com que o pavilhão sirva como depósito de lenha e como local de aquecimento dos hóspedes. No caso do Blue Barn Theatre & Boxcar 10, o vergalhão cobre o exterior, soldado na frente de um revestimento de aço corten, acomodando as mudanças do edifício ao longo do tempo. Embora o padrão subjacente tenha sido derivado de algoritmos e otimizado digitalmente, a instalação de peças é decididamente de baixa tecnologia.